Saudações
Enviado: 16 Abr 2010, 18:12
Boas!
Para compensar todos aqueles que têm um elástico atado da nuca aos tomates e não conseguem contemplar mais que o próprio umbigo, factor pelo qual aparecem nos fóruns, normalmente na secção de compra e venda, sem sequer uma linha nas apresentações a dizer quem são, de onde vêm e para onde vão, permitam-me esticar as palavras na minha apresentação à vossa comunidade. Perdoem-me o testamento, mas apetece-me partilhar algumas das coisas que me vão na alma.
Não tenho uma FJR mas tenho uma paixão escondida por ela. Tenho uma strom 650, um show de mota, mas algo limitada para viajar à bruta. Nem sempre podemos ir pelas nacionais ou pelo IP3, ou até pela A24, onde a strom se comporta à altura (se não levar aquela delícia de mulher, grande amiga e companheira no banco traseiro) e por vezes é preciso dar mais gás, afinal esperam por mim para o almoço em Trás-os-Montes e ainda não provei o vinho este ano... É este o estado de espírito. Tenho a strom há 3 anos, aprendi a andar de mota com ela e recentemente comecei a perceber as suas limitações. É tão bom pensar noutra máquina quando entendemos tão bem a nossa. Diria que esta é a parte racional de uma equação maioritariamente assente na emoção. Comecei então a pesquisar, ainda que no fundo do coração estivessem gravadas as três letrinhas mágicas deste fórum. Experimentei uma Sprint ST, um tricilindrico italiano "vero" fantástico e partilhei com um grupo de amigos o que me passou pela alma. Foi assim...
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Hoje fui experimentar uma Triumph Sprint ST, encarnada.
Ando de mota há um ano e três meses mais ou menos, sempre de strom 650. Neste período andei muito mais em cidade do que imaginei inicialmente. Incluo nestes percursos a A5, a marginal, o eixo N-S, a CRIL, a CREL, para além obviamente das ruas e avenidas da cidade de Lisboa. Enfim, utilizei bem mais do que me passou inicialmente pela cabeça a minha strom para as deslocações de trabalho na zona da grande Lisboa.
Por outro lado, utilizei-a muito menos do que gostaria para fazer turismo.
Neste período aprendi a andar de mota e aprendi a entender a mota e o acto de andar de mota. Desenvolvi a minha própria opinião sobre a questão. Acontece que nunca andei noutra que não a strom e confesso que fui desenvolvendo, enquanto andava nesta, uma imensa curiosidade por experimentar outro tipo de motas. Como será andar numa desportiva? E numa cabrinha do mato? Ainda dei uma volta para a fotografia no meu Dakar pessoal na mota de testes do Bianchi, e apesar de dois minutos e trinta segundos serem imenso tempo para sonhar, a verdade é que são inversamente pouco para transformar as sensações e as emoções em experiência consolidada. O bicho ainda ficou mais excitado.
Confesso que o que mais me fascina nas duas rodas é a ideia de partir e não saber quando voltar. Foi assim de bicla nos últimos 6 anos, com grandes tiradas de dois ou três dias e o sonho de poder um dia ir duas ou três semanas. E foi assim de mota no último ano e pouco. Infelizmente acabei por andar sempre mais para chegar a algum lado do que para partir de algum lado. A vida “moderna” de trabalho executivo engravatado até perder o ar e o pouco tempo que resta sem gravata para namorar ou para sentir crescer um filho é a grande razão para tamanha divergência entre o fazer e o desejar. Enfim, cabe-nos a nós mudar isso, muito mais do que o lamentar.
Este fascínio fez-me perder de amores por uma mota que se chama FJR. Achei eu, na minha forma de pensar, que era a outra metade das nossas (minhas e da Susana) viagens imaginadas. Não deixei de amar a strom, antes pelo contrário, ainda hoje depois de desligar o tricilindrico, que delícia de motor, e me sentar na minha strom e arrancar pensei, Que show de mota a strom, troquei-a por 45 minutos e as saudades eram já mais que muitas… Sorri e segui o meu caminho a tentar fazer comparações mentais. Impossível, até porque são motas que não têm nada a ver.
E porque é que fui experimentar a Sprint ST? Porque estou com pouco que fazer em período pré férias, porque adoro andar de mota e porque queria entender um pouco melhor o conceito “turística desportiva”. A propósito, também chamam turística desportiva á FJR, mas parece-me que esta, a ST, é apenas uma desportiva. Será que existe mesmo uma mota turística desportiva? Ou existem apenas as desportivas com alguma capacidade (limitada) de turística e as turísticas com alguma capacidade (eventualmente não tão limitada mas ainda assim limitada) de desportiva. O que é uma Tigger? Não a antiga, mas a nova.
A posição de condução é confortável mas o troco vai deitado com o peso em cima dos punhos, o ecrã é baixo e a partir dos 140 é necessário encostar o capacete no magnífico depósito e à medida que a velocidade aumenta, quase sem limite (pelo menos para mim que era virgem nessas andanças de andar com os cornos enfiados no depósito a altas velocidades), mais temos que nos encolher. Não me imagino fazer uma viagem em AE naquela mota com um grau aceitável de conforto. Talvez em estrada nacional, onde se atingem velocidades menores, mas ainda assim tenho sérias dúvidas que os pulsos não fiquem negros em pouco tempo. Aquilo é uma Sprint S ponto final. Parece-me inclusivamente que o pendura vai numa posição tipo R, ainda que o assento seja bem mais confortável.
O motor é uma delícia, aquele trabalhar, a suavidade com que… Exacto, a suavidade. Achei antes de me montar que era uma mota brusca, tanto nas acelerações como nas desacelerações, mas a verdade é que é suave, talvez porque entrei de mansinho, não sei, mas mesmo a velocidades superiores e depois de 20 minutos em cima dela não consegui deixar de sorrir com o prazer de acelerar e travar aquele bicho.
Os amortecedores são super suaves. Achei que a mota seria rija e seca mas nada disso. A caixa parece Suíça, que precisão, que suavidade.
Dentro da cidade é sempre a andar. Não sei se por estar num centro de gravidade mais baixo, a verdade é que senti muito mais confiança entre os carros. Parecia-me mais estreita que a strom mas acredito que seja apenas e só uma impressão. É muito precisa a velocidades reduzidas e extremamente fácil de manobrar, o que transformou o serpentear no engarrafamento permanente da 2ª circular num enorme gozo. A grande desvantagem foi o aquecimento excessivo do início do escape, junto ao motor, que faz um calor insuportável na parte interior da perna direita, entre o joelho e o calcanhar.
Já vos falei do motor? …
Depois queria experimentar a Tigger, deve ser bem melhor para viajar do que aquela, mas estava avariada, fica para outro dia.
Não entendo nada de motas e não consigo fazer-vos um relato técnico. Limito-me a partilhar as minhas sensações, a cru
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Depois desta fase fiquei mais calmo. Em finais do ano passado decidi que queria experimentar três motas: a 1400GTR, a 1300GT e a FJR. As duas primeiras já as experimentei, adorei as sensações, e entre as duas votei na ventoinha. Ainda aguardo um telefonema para ir experimentar uma FJR, já lá vão 4 ou 5 meses. Depois decidi que não tinha dinheiro para uma mota nova e esta semana, por acidente, dei com um anúncio na net e comecei a pensar muito a sério na possibilidade de comprar uma mota em segunda mão. 1300GT não há em segunda mão e se houvesse custava quase tanto como nova, a 1400GTR acabou de sair um modelo novo e pelo anterior não fiquei particularmente agradado. Resta-me a paixão escondida, que das três é, inclusivamente, a que tem o maior "sex appeal". E pelo que tenho visto talvez consiga comprar uma de 2007 com menos de 15 mil Km por um preço na ordem de grandeza do que pretendo, substituindo a minha strom com 22 mil.
Se não conseguir, paciência, seguirei com a strom até que mais tarde ou mais cedo, será inevitável, venha a evoluir para uma mais turística. Se conseguir serei vosso companheiro no fórum, se mo permitirem, para partilhar muitas curvas, algumas rectas e, de vez em quando, uns canecos de vinho.
A vossa opinião é, obviamente, bem-vinda e apreciada
Abraços,
Pedro Sardo
Para compensar todos aqueles que têm um elástico atado da nuca aos tomates e não conseguem contemplar mais que o próprio umbigo, factor pelo qual aparecem nos fóruns, normalmente na secção de compra e venda, sem sequer uma linha nas apresentações a dizer quem são, de onde vêm e para onde vão, permitam-me esticar as palavras na minha apresentação à vossa comunidade. Perdoem-me o testamento, mas apetece-me partilhar algumas das coisas que me vão na alma.
Não tenho uma FJR mas tenho uma paixão escondida por ela. Tenho uma strom 650, um show de mota, mas algo limitada para viajar à bruta. Nem sempre podemos ir pelas nacionais ou pelo IP3, ou até pela A24, onde a strom se comporta à altura (se não levar aquela delícia de mulher, grande amiga e companheira no banco traseiro) e por vezes é preciso dar mais gás, afinal esperam por mim para o almoço em Trás-os-Montes e ainda não provei o vinho este ano... É este o estado de espírito. Tenho a strom há 3 anos, aprendi a andar de mota com ela e recentemente comecei a perceber as suas limitações. É tão bom pensar noutra máquina quando entendemos tão bem a nossa. Diria que esta é a parte racional de uma equação maioritariamente assente na emoção. Comecei então a pesquisar, ainda que no fundo do coração estivessem gravadas as três letrinhas mágicas deste fórum. Experimentei uma Sprint ST, um tricilindrico italiano "vero" fantástico e partilhei com um grupo de amigos o que me passou pela alma. Foi assim...
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Hoje fui experimentar uma Triumph Sprint ST, encarnada.
Ando de mota há um ano e três meses mais ou menos, sempre de strom 650. Neste período andei muito mais em cidade do que imaginei inicialmente. Incluo nestes percursos a A5, a marginal, o eixo N-S, a CRIL, a CREL, para além obviamente das ruas e avenidas da cidade de Lisboa. Enfim, utilizei bem mais do que me passou inicialmente pela cabeça a minha strom para as deslocações de trabalho na zona da grande Lisboa.
Por outro lado, utilizei-a muito menos do que gostaria para fazer turismo.
Neste período aprendi a andar de mota e aprendi a entender a mota e o acto de andar de mota. Desenvolvi a minha própria opinião sobre a questão. Acontece que nunca andei noutra que não a strom e confesso que fui desenvolvendo, enquanto andava nesta, uma imensa curiosidade por experimentar outro tipo de motas. Como será andar numa desportiva? E numa cabrinha do mato? Ainda dei uma volta para a fotografia no meu Dakar pessoal na mota de testes do Bianchi, e apesar de dois minutos e trinta segundos serem imenso tempo para sonhar, a verdade é que são inversamente pouco para transformar as sensações e as emoções em experiência consolidada. O bicho ainda ficou mais excitado.
Confesso que o que mais me fascina nas duas rodas é a ideia de partir e não saber quando voltar. Foi assim de bicla nos últimos 6 anos, com grandes tiradas de dois ou três dias e o sonho de poder um dia ir duas ou três semanas. E foi assim de mota no último ano e pouco. Infelizmente acabei por andar sempre mais para chegar a algum lado do que para partir de algum lado. A vida “moderna” de trabalho executivo engravatado até perder o ar e o pouco tempo que resta sem gravata para namorar ou para sentir crescer um filho é a grande razão para tamanha divergência entre o fazer e o desejar. Enfim, cabe-nos a nós mudar isso, muito mais do que o lamentar.
Este fascínio fez-me perder de amores por uma mota que se chama FJR. Achei eu, na minha forma de pensar, que era a outra metade das nossas (minhas e da Susana) viagens imaginadas. Não deixei de amar a strom, antes pelo contrário, ainda hoje depois de desligar o tricilindrico, que delícia de motor, e me sentar na minha strom e arrancar pensei, Que show de mota a strom, troquei-a por 45 minutos e as saudades eram já mais que muitas… Sorri e segui o meu caminho a tentar fazer comparações mentais. Impossível, até porque são motas que não têm nada a ver.
E porque é que fui experimentar a Sprint ST? Porque estou com pouco que fazer em período pré férias, porque adoro andar de mota e porque queria entender um pouco melhor o conceito “turística desportiva”. A propósito, também chamam turística desportiva á FJR, mas parece-me que esta, a ST, é apenas uma desportiva. Será que existe mesmo uma mota turística desportiva? Ou existem apenas as desportivas com alguma capacidade (limitada) de turística e as turísticas com alguma capacidade (eventualmente não tão limitada mas ainda assim limitada) de desportiva. O que é uma Tigger? Não a antiga, mas a nova.
A posição de condução é confortável mas o troco vai deitado com o peso em cima dos punhos, o ecrã é baixo e a partir dos 140 é necessário encostar o capacete no magnífico depósito e à medida que a velocidade aumenta, quase sem limite (pelo menos para mim que era virgem nessas andanças de andar com os cornos enfiados no depósito a altas velocidades), mais temos que nos encolher. Não me imagino fazer uma viagem em AE naquela mota com um grau aceitável de conforto. Talvez em estrada nacional, onde se atingem velocidades menores, mas ainda assim tenho sérias dúvidas que os pulsos não fiquem negros em pouco tempo. Aquilo é uma Sprint S ponto final. Parece-me inclusivamente que o pendura vai numa posição tipo R, ainda que o assento seja bem mais confortável.
O motor é uma delícia, aquele trabalhar, a suavidade com que… Exacto, a suavidade. Achei antes de me montar que era uma mota brusca, tanto nas acelerações como nas desacelerações, mas a verdade é que é suave, talvez porque entrei de mansinho, não sei, mas mesmo a velocidades superiores e depois de 20 minutos em cima dela não consegui deixar de sorrir com o prazer de acelerar e travar aquele bicho.
Os amortecedores são super suaves. Achei que a mota seria rija e seca mas nada disso. A caixa parece Suíça, que precisão, que suavidade.
Dentro da cidade é sempre a andar. Não sei se por estar num centro de gravidade mais baixo, a verdade é que senti muito mais confiança entre os carros. Parecia-me mais estreita que a strom mas acredito que seja apenas e só uma impressão. É muito precisa a velocidades reduzidas e extremamente fácil de manobrar, o que transformou o serpentear no engarrafamento permanente da 2ª circular num enorme gozo. A grande desvantagem foi o aquecimento excessivo do início do escape, junto ao motor, que faz um calor insuportável na parte interior da perna direita, entre o joelho e o calcanhar.
Já vos falei do motor? …
Depois queria experimentar a Tigger, deve ser bem melhor para viajar do que aquela, mas estava avariada, fica para outro dia.
Não entendo nada de motas e não consigo fazer-vos um relato técnico. Limito-me a partilhar as minhas sensações, a cru
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Depois desta fase fiquei mais calmo. Em finais do ano passado decidi que queria experimentar três motas: a 1400GTR, a 1300GT e a FJR. As duas primeiras já as experimentei, adorei as sensações, e entre as duas votei na ventoinha. Ainda aguardo um telefonema para ir experimentar uma FJR, já lá vão 4 ou 5 meses. Depois decidi que não tinha dinheiro para uma mota nova e esta semana, por acidente, dei com um anúncio na net e comecei a pensar muito a sério na possibilidade de comprar uma mota em segunda mão. 1300GT não há em segunda mão e se houvesse custava quase tanto como nova, a 1400GTR acabou de sair um modelo novo e pelo anterior não fiquei particularmente agradado. Resta-me a paixão escondida, que das três é, inclusivamente, a que tem o maior "sex appeal". E pelo que tenho visto talvez consiga comprar uma de 2007 com menos de 15 mil Km por um preço na ordem de grandeza do que pretendo, substituindo a minha strom com 22 mil.
Se não conseguir, paciência, seguirei com a strom até que mais tarde ou mais cedo, será inevitável, venha a evoluir para uma mais turística. Se conseguir serei vosso companheiro no fórum, se mo permitirem, para partilhar muitas curvas, algumas rectas e, de vez em quando, uns canecos de vinho.
A vossa opinião é, obviamente, bem-vinda e apreciada
Abraços,
Pedro Sardo